sábado, 22 de janeiro de 2011

Não pisem no meu “green”.

No blog o Insurgente, saiu um texto de um leitor desse blog. Tomo a iniciativa de o reproduzir aqui também, dada a sua acuidade (realces da minha responsabilidade):

 Há cerca de 15 dias dei-me conta que no Fórum Coimbra tinham sido reservados espaços de estacionamento exclusivos para veículos híbridos. Posteriormente soube que tal sucede já noutros locais como sejam o Aeroporto de Lisboa e o parking do El Corte Inglês.

 Contrariamente ao que sucede com os lugares reservados a deficientes, grávidas, e mesmo veículos de recarga eléctrica (com os tais postes de recarga tão caros ao nosso Primeiro), não existe qualquer razão que justifique os veículos híbridos deverem dispor de um lugar reservado para estacionar. A situação configura portanto apenas um privilégio discriminatório em relação aos proprietários de carros convencionais. Tanto mais que os híbridos são todos veículos recentes, geralmente caros, muitos deles de gama média/alta ou alta, e portanto apenas acessíveis a quem nestes tempos difíceis tem poder de compra (e alguma ingenuidade). Ainda por cima, são veículos que de modo algum são, por norma, menos “emissores” que os convencionais (por exemplo um Porsche Cayenne, um Lexus ou um Mercedes E ou S, híbridos, emitem muito mais CO2 e consomem mais combustível que um Polo ou um Clio diesel).

 Mesmo sendo o ecologismo, por mais saloio e aldrabado que seja, uma moda que derrete os corações da intelectualidade dominante, a verdade é que não se podem discriminar cidadãos por terem esta ou aquela opção de compra ou esta ou aquela possibilidade de aquisição de bens. Se houvesse lugares reservados para quem tem os impostos em dia, ou para que não tem cadastro, isso seria, espero, de imediato condenado. Será que passarão a ser privilegiados os cidadãos que, sob uma Lei igual para todos, se mostrarem mais alinhados com quem tem o poder de fazer as Leis?

 Aos poucos e poucos uma nova religião, sob a capa de um ecologismo lamentavelmente poluído e manipulado pelos interesses, organizações, ideologias e poderes, vai insidiosamente descendo as suas malhas, lançando alarmismos catastrofistas (a nova versão do Inferno), reiterando novas asceses de vida (tal como as penitências e auto-flagelações de antigamente) silenciando e discriminando que lhe desobedecer (a nova inquisição), arregimentando fiéis na ignorância e repetição das ladainhas até à exaustão (os novos beatos).

 Tudo isto poderá ser apenas um sinal, mas o mais trágico é que parece ser apenas um princípio.